Estes são os “carvalhos druidas”, árvores antigas das florestas britânicas que estão associadas ao passado pagão.
Descubra os carvalhos druidas, árvores centenárias com uma profunda ligação à tradição druida e à sua simbologia
O termo carvalho druida refere-se a certos carvalhos excepcionais e centenários localizados nas antigas florestas do Reino Unido. Tradicionalmente, estas árvores têm sido ligadas aos antigos druidas, que, segundo fontes antigas como Plínio, o Velho, realizavam muitas das suas cerimónias nos carvalhos. Este nome sugere a profunda ligação simbólica e ritual entre os druidas e o carvalho, que era reverenciado como árvore sagrada e centro de culto. Na verdade, algumas interpretações da etimologia de “druida” sugerem que derivaria de dru-wid, que significa conhecedor de carvalhos. A presença dos carvalhos druidas na Grã-Bretanha Na Grã-Bretanha, os carvalhos druidas são árvores emblemáticas que resistiram ao teste do tempo. Embora não exista um censo global exaustivo destes exemplares, sabe-se que muitas florestas, além de ostentarem nomes relacionados com os druidas, albergam também carvalhos centenários. Exemplos bem documentados dessas árvores majestosas são encontrados na Floresta Salcey, em Northamptonshire, por exemplo. Do ponto de vista científico, estas árvores são consideradas tesouros biológicos. Têm valores ecológicos inestimáveis, pois servem de habitat para inúmeras espécies — especialmente líquenes, fungos, invertebrados e aves — que dependem de madeira morta e cavidades em troncos velhos para sobreviver. Além disso, funcionam como indicadores de continuidade ecológica. Através da sua análise, permitem aos investigadores compreender a história ambiental do local e fornecem informações valiosas sobre o clima, o uso do solo e a gestão florestal ao longo dos séculos. O trabalho do Woodland Trust e seu inventário de árvores antigas Devido ao seu papel ecológico e patrimonial, essas árvores antigas têm um aliado no Woodland Trust. Esta organização britânica dedica-se à conservação florestal, através do programa Ancient Tree Inventory, uma base de dados na qual estão registadas milhares de árvores antigas e monumentais, incluindo carvalhos de grande valor histórico e biológico. Este documento facilita tanto a protecção jurídica como a sensibilização nacional para a necessidade de preservar estes testemunhos vivos. O carvalho Caton: o legado de uma árvore Duida Um dos exemplos mais emblemáticos desta tipologia de árvores é oferecido pelo carvalho Caton, também conhecido como Carvalho dos Druidas. Esta árvore estava localizada na cidade de Caton, em Lancashire, e ficava acima das escadas de arenito conhecidas como Fish Stones, espaço ligado na Idade Média à venda de salmão realizada pelos monges locais. A tradição atribuiu-lhe um caráter sagrado e um uso ritual druídico, razão pela qual ganhou o apelido com que passou à memória. Com o passar dos séculos, a árvore perdeu vigor e seu tronco ficou oco. No final do século XX, o seu estado era tal que o exemplar corria o risco de desabar. Por isso, em 1998, foram instalados suportes metálicos para auxiliar no seu sustento. Pouco depois, em 2007, uma autarquia local plantou uma bolota descendente do próprio carvalho dentro do tronco vazio, na esperança de que crescesse um novo exemplar que pudesse, com o tempo, substituir o original. Apesar dos esforços, no dia 20 de junho de 2016, o carvalho Caton caiu definitivamente. No entanto, a jovem muda que cresce no seu interior ainda mantém viva a memória e garante que o vínculo cultural com o local não se perde. Esta mudança geracional faz do carvalho Caton um símbolo de memória coletiva, capaz de transcender o seu desaparecimento material. Quantos carvalhos druidas existem no mundo? Responder a esta questão é complexo, uma vez que o termo não corresponde a uma categoria científica, mas a um nome cultural apresentado na língua das comunidades locais. Não existe um registo internacional que os conte e nem sequer existe um censo do território britânico que os distinga como um grupo em si. O que se pode afirmar é que muitas das árvores que recebem este nome estão concentradas na Grã-Bretanha, onde muitas vezes fazem parte de florestas antigas catalogadas. O já mencionado Ancient Tree Inventory do Woodland Trust compila milhares de exemplares monumentais, dos quais grande parte são carvalhos. Noutros países também existem carvalhos centenários que, embora não sejam chamados de carvalhos pelos druidas, têm grande valor histórico e biológico. O conceito, portanto, está intimamente ligado à tradição cultural britânica, o que limita a sua utilização a esse contexto particular. Assim, embora não possamos falar do número total de carvalhos druidas, pode-se afirmar que existem múltiplos exemplares nas florestas do Reino Unido, reconhecidos pela sua longevidade e pelo valor simbólico que a história lhes conferiu. As árvores que ligam o passado ao presenteOs carvalhos druidas, assim chamados pela sua suposta associação com práticas druidas, personificam uma ligação profunda entre natureza, história e cultura. São árvores milenares, testemunhas de séculos de experiências, que são valorizadas não só pela sua idade, mas pelo seu valor ecológico, cultural e simbólico. Na Grã-Bretanha, o seu legado ainda vive nas florestas, nas praças e na memória.
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